segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Com acabamento de luxo, "detonados" de jogos viram itens de colecionador


Quem joga videogame a muito tempo, conhece bem os "detonados", os famigerados guias publicados em revistas que esmiúçam cada tela dos jogos e facilitavam a vida quando o jogador encalhava em algum chefão ou quebra-cabeça muito complicado.

Hoje, este material não fica limitado às páginas das revistas - ou aos fóruns e vídeos na internet - mas ganham lugar de destaque com livros caprichados, produzidos com acabamento luxuoso, capa dura, papel especial e recheados de conteúdo adicional (e muitas vezes exclusivo) sobre a produção do jogo.

Muitas vezes produzidos em quantidade limitada, esses guias de luxo se tornam itens de colecionador, assim como edições especiais dos próprios jogos ou 'action figures' dos personagens mais famosos.

De fato, não são poucos os fãs que compram os guias com o intuito de colecionar, folhear e se entreter com as artes exclusivas, entrevistas e outras informações - e não necessariamente usá-los para descobrir segredos ou pegar alguma dica para o game.

Peças de coleção

É o caso da designer Flávia Mello (25), de São Paulo (SP). "Eu escolho livros de jogos que eu gosto, a minha maior motivação na hora de escolher um guia ou um 'artbook' é a qualidade: Capa dura, ilustrações, sketchs, algum easter egg, curiosidades, e também o preço".

Para alguns jogadores, os guias são uma verdadeira coleção secundária, ficando atrás apenas dos próprios jogos, é claro. O advogado Paulo Victor (27), de Campinas (SP), começou a colecionar guias de jogos em 2010, com uma edição nacional do guia de "GTA IV". "Minha primeira edição de colecionador foi o guia de 'Mass Effect 3', que comprei em 2011".

"Hoje eu tenho seis guias, quatro deles edições de colecionador", explica Paulo. "O meu favorito é o de "Dark Souls", mas por motivos pessoais".

"Eu não peguei a edição de colecionador do game no lançamento e só fui ter acesso ao livro de arte (em japonês ainda) dois anos depois, então o guia era o que o máximo que eu tinha de arte do jogo".

Ilustrações, artes conceituais e informações extras sobre o cenário do jogo costumam ser atrativos nas edições de luxo dos guias. E isso desperta o interesse dos fãs e colecionadores. "Minha preferência é arte do jogo e entrevista com os criadores, mas se eu gosto muito do jogo eu compro independente do conteúdo", diz Paulo.

"Meu guia favorito é de 'Skyrim'", comenta a designer Flávia. "O preço foi muito atrativo, quando eu recebi fiquei surpresa pela qualidade e quantidade de informações. O livro é de capa dura e tem praticamente tudo do game. O guia contem até a tradução da língua dos dragões!".

Flávia compra em média três livros de jogos por ano, em lojas online no exterior. "Os livros não são taxados, e eles somem muito rápido dos sites. Os valores também ajudam bastante".

O advogado Paulo Victor também se diz satisfeito com os preços dos guias importados: "não sai tão caro. Acho que o mais caro que paguei saiu por volta de R$ 80 reais".

Mesmo com preços razoáveis, muitos fãs esbarram no problema do idioma na hora de adquirir um livro sobre seus games favoritos. "Eu gostaria muito de ver em português com o mesmo tratamento que tem os em inglês", diz Paulo. "A dificuldade de acesso e o preço em dólar acaba atrapalhando um pouco a coleção".

Já Flávia não tem problemas com o inglês. Mesmo assim a designer, que está de partida para uma temporada na Austrália, gostaria de ver mais livros sobre games em nosso idioma.

E no Brasil?

No Brasil, a editora Europa tem investido na publicação de guias em formato de livro, mas por enquanto, em capa mole e sem os requintes das luxosas edições importadas. Em 2011, a editora publicou 2 guias em formato mais robusto no Brasil. Esse número passou para 5 livros em 2012 e chegou a uma dúzia em 2013.

"Esse ano devemos no mínimo superar o número de lançamentos do ano passado", disse Luiz Siqueira, diretor de redação da editora.

Os livros publicados pela editora Europa são licenciados e traduzidos de guias bem conhecidos no exterior. Segundo Luiz, os números de vendas já justificam a tradução e publicação no Brasil.

"Obviamente alguns vendem mais que os outros. E isso depende muito do sucesso de cada game. O guia do 'GTA V' foi o mais bem sucedido até o momento. 'Diablo III' também foi muito bem, chegou até a figurar em listas dos mais vendidos em muitas livrarias".

Porém, Siqueira não tem certeza de que o mercado nacional esteja pronto para lançamentos mais dispendiosos.

"Os números de vendas brasileiros quando comparados com os norte-americanos ainda são minúsculos", explica. "A demanda é crítica e torna o investimento arriscado. Mas acho que em pouco tempo vai ter mais espaço. Por exemplo, lançamos um 'Pôster Book Gigante' da série 'Assassin´s Creed' que custa R$ 74,90 e a venda foi mais rápida do que imaginávamos".

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